quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Alfa, Alfa, Alfa. Back Deck. Crew Bar.

Quem é da vida a bordo, sabe. Drill – ou simulação para treinamento, numa tradução aproximada – é parte da vida. Todo mundo tem uma função no navio, em uma situação de emergência. Eu, por exemplo, sou da equipe de lançamento de botes salva-vidas. Isso significa, na teoria, que eu sou um dos últimos a abandonar o navio. Na prática, em caso do navio precisar ser evacuado, isso significa que eu serei o cara em pânico, correndo em círculos e gritando feito uma moça.
Independente da sua eficácia – no meu caso, por exemplo - os treinamentos existem e, volta e meia, eles se tornam necessários. Especialmente nos casos alfa.
Existem basicamente 3 tipos de emergência a bordo, cada uma com seu código específico, para não assustar os passageiros. Alfa, por exemplo, é emergência médica.

No meio da noite, um silvo agudo. Segue em voz metalizada, num inglês com sotaque italiano a mensgem: Alfa, Alfa, Alfa Deck 3 Aft, starboard. Em outras palavras: emergência médica no terceiro andar, na popa, do lado direito. Pode não ser nada sério, como pode ser alguém morrendo. Já presenciei as duas coisas. A segunda é normalmente mais animada. Naquela noite, em específico era um infarto. A medida que o inverno se aproxima, a idade média dos passageiros vai ficando mais e mais elevada. E velhinho, você sabe: duas doses de whisky, uma bisteca sangrando, 3 ou 4 fox trotes na pista de dança, uma olhadela na bunda da assistente do mágico e pronto. É a Royal Caribbean matando o véio.

Lógico, a idéia não é essa, muito pelo contrário. Daí a animação do momento. É gente correndo com maca pra cima e pra baixo, balões de oxigênio pra todo canto, helicóptero pousando a bordo pra transportar o fulano moribundo. Uma festa.

E, é claro, crew também bate as botas a bordo. E não estou falando de fazer continência, veja bem. Felizmente, na maioria das vezes, os acidentes envolvendo os coleguinhas são mais risíveis do que sérios. Como a patinadora do gelo que se ralou toda em Barcelona quando caiu da bicicleta alugada. De certo ela achou o asfalto muito escorregadio.
Outra ocorrência comum pra Alfa é garçon bêbado. Principalmente brasileiro. Essa semana um tomou todas, foi dançar, caiu, abriu a testa. E lá vamos nós: Alfa, alfa, alfa, back deck, crew bar...

Patetices à parte, gente morre abordo. Em número suficiente para rolarem histórias de assombrações nos corredores do navio. Falam de um velhinho de andador falecido há uns cinco anos. No silencio da madrugada, dá pra ouvir as batidinhas metálicas do seu andador fantasmagórico nos arredores do teatro. Alguém já viu algo que seria o equivalente à nossa mulher de branco no banheiro. Vai ver que foi só Iemanjá que veio tirar uma água do joelho.

E antes que perguntem, desde que embarquei, não rolou nenhum óbito. Mas continuo vigilante e preparado para, no caso de uma emergência em que vidas dependam da minha prontidão e liderança, começar a correr em pânico e gritar feito uma moça.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Diário de Bordo. Cerveza do Dia: Santa Denise, boa de birra.


Estamos em Civitta Veccia, o porto para quem tem boca, e vai a Roma. O clima não é dos melhores. Venta, chove, mar de ressaca. Civitta Veccia é bem diferente de Nápoles, a primeira cidade italiana do itinerário. Trata-se de um município menor, mais arrumado. As ruas limpas, a arquitetura que se espera de cidades antigas do velho continente. Enfim, realmente parece com uma cidade da Europa. Já Nápoles é povoada de Hondas Biz e outras versões modernosas de lambretas. Um lugar sujo, caótico, quente, cheia de mendigos, engarrafamentos. Nápoles lembra, enfim, Botafogo. Talvez até por isso eu me sinta mais confortável lá.
Vou aproveitar o momento para fazer um pequeno adendo – muito respeitoso – sobre as mulheres italianas. Bonitas? Ecco. Não fosse a bizarra mania de usar maquiagem de atriz pornô dos anos 80 às nove da manhã. E os panos. Sabe aqueles cachecóis levinhos pra mulher? (echarpe, acho) Pode estar um calor sudanês – e geralmente está, nesta época do ano – que elas colocam aquela porcaria ao redor do pescoço. Com camisetinha regata, shortinho e botas de cowboy. E chapéu à Justin Timberlake. É o uniforme da periguete napolitana. Que só não é pior que o uniforme da polícia napolitana. Clássica camisa azul, quepe, botas de montaria e uma calça de veludo colante que dá a impressão que tem uma convenção do Village People na cidade.
Mas, voltando a Civitta Veccia:
Arrumadinha, uma praia simpática com parquinho de diversões e tudo. O único problema é que, na Itália, existe o desagradável hábito da “siesta”. Ou seja, o comércio fecha para o almoço. Um problema frustrante para turistas com horário para voltar ao navio. Era de se esperar que um país que pretende ter no turismo uma importante fonte de renda, já tivesse se livrado dessas “tradições”. Na boa, não importa o quanto um hábito esteja embutido nos usos e costumes de um povo, tem uma hora que é preciso parar com a palhaçada. Cuspir no chão, arrotar para elogiar a comida e fechar as lojas na cara dos clientes, francamente, não pode mais.
Posso estar parecendo intolerante, mas não é o caso. Restaurante fecha pro almoço na maledita cittá.
De qualquer maneira, consegui comprar num supermercado semi-aberto a nossa cerveza, ou melhor, birra do dia. (Meio constrangedor, às 11 da manhã, você entrar na fila do caixa com uma garrafa de cerveja, um abridor e um pacote de pilhas. A mocinha do caixa deve ter ficado com uma péssima impressão minha. Isso porque ela não me viu tomando a cerveja sozinha no banco da praça. Chamo essa experiência de “Alcoólatra por um Dia”.)
Apresento Santa Denise. Nada mais típico da região do que uma cerveja com nome de santo. Só falta agora lançarem a camisinha João Paulo II.
Santa Denise é uma cerveja saborosa, vem numa garrafa que parece de champagne e tem inacreditáveis 7,2% de teor alcoólico. Talvez daí venha o nome católico. Depois de tomar algumas Santa Denise, você também vai ver deus.

domingo, 13 de setembro de 2009

Diário de Bordo. Cerveja do Dia.

Resolvi começar uma nova sessão de utilidade pública neste humilde blog: A cerveja do dia.
Com intuito estritamente jornalístico, vou experimentar a cerveja típica de cada um dos portos em que o glorioso Voyager of the Seas parar.

Afinal, nada diz mais sobre os costumes de um país do que sua cerveja. Além do mais, degustar vinho é coisa de gente criada pela avó.

Barcelona - Estrella

A Estrella Damm Daura é uma cerveja especial que contém menos de 6 ppm de glúten. tem um teor alcoolico de 5,40% . Ou seja, umas duas latonas e vc tá beeeemmm....

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Diário de Bordo. The Disaster Channel.

Não temos espaço pra muita coisa na cabine. Beliche, um banheiro que é um milagre da nano-engenharia, um armário que parece peça de mobília de playmobil e, é claro, uma TV. E você deve se perguntar: como é a programação na TV de um navio. Bem, pode-se dizer que é uma atração à parte.
A TV a bordo pode ser dividida em 3 categorias: cinco ou seis canais de filmes. Na verdade, cada um deles passa apenas um título por semana, em looping, ad nauseum. Ultimamente, parece que estamos apreciando os festivais Tom Cruise e The Rock. Temos dois filmes de cada um desses astros simultaneamente no ar há uns 15 dias. No momento, eles exibem Rain Man e Missão Impossível 3 e dois filmes do Rock cujo nome eu não sei. Um é aquele da filha do jogador de futebol americano. O outro ele “interpreta” um xerife de uma cidadezinha do interior. As vezes, temos a oportunidade de assistir eventos multi-culturais, como Batman dublado em russo. O dublador do Coringa carrega na voz esganiçada. A voz do Batman em russo, parece o disco solo-acústico do João Gordo.
Há também um canal Friends, que só passa o seriado dos anos noventa, do começo ao fim. Com uma legenda que parece estar em grego. E está, segundo fontes confiáveis.
O segundo grupo de canais é gentilmente produzido e oferecido pelas grandes redes americanas. Trata-se de apanhados diários da programação que são especialmente compilados para os cruzeiros da Royal. Assim, temos ESPN, CNN, alguma coisa de seriados e talk shows da ABC e da NBC. Uma rala e requentada sopa de letrinhas com esportes, noticiários e humorísticos.
E o terceiro grupo, por sua vez, é o meu favorito. Os canais produzidos a bordo. Sim, temos uma produtora de TV que é pródiga em produzir os mais variados tipos de cretinice. Desde “documentários” sobre a vida a bordo para que os passageiros vejam o quanto nosso staff é feliz, até os canais “educativos”, que acredito sejam exclusivos para os funcionários. Programas com importantes dicas de saúde como “tomem banho todos os dias” ou “lavem as mãos antes de comer e depois de ir ao banheiro” são sempre reciclados. Mas, o meu favorito, é o Disaster Channel.
Eu juro que, munido de todo o meu cinismo, jamais teria pensado nessa pérola da psicologia reversa: para despertar a importância dos treinamentos e dos procedimentos de segurança, o Voyager tem um canal de TV que só exibe filme sobre desastres com navios. Naufrágios, incêndios, epidemias... Deu merda no seu cruzeiro? Sorria! Você está no Disaster Channel!
Esta semana estão exibindo o naufrágio de um navio de cruzeiro na costa da África do Sul. Bateu um temporal forte, o navio começou a fazer água e afundar. O capitão e os oficiais mais graduados ordenaram o abandono do navio, pegaram o primeiro bote salva-vidas, TIRARAM OS COBERTORES de velhinhos na fila para os botes e foram os primeiros a abandonar o navio. O trabalho de salvamento dos passageiros foi coordenado pelo guitarrista da banda do navio, o otário que ficou pra trás.
Ainda não sei se a lição a aprender com este filme é nunca confie no capitão ou fique amigo do músico da banda. Mas mal posso esperar a próxima estréia. Parece que um navio pegou fogo numa região infestada de tubarões.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Diario de bordo. Independencia ou porre.

Somos, ao todo, 35 brasileiros a bordo do Voyager of the Seas. Para se ter uma ideia, sao 150 indianos e mais de 200 filipinos. Ate os gregos estao presentes em maior numero. Somos uma minoria, diriam alguns. Mas uma minoria barulheta.
Hoje fizemos a festa da Independencia do Brasil no crew bar. Foi O evento. Teve capoeira, lambada, samba (e claro!) e ate quadrilha. Eu nao pude participar ativamente por causa do meu horario de trabalho na boate do navio. Achei que, quando finalmente chegasse ao bar, encontraria tudo as moscas, como acontece normalmente. Ta bom.
Cheguei no crew bar com Aquarela do Brasil versao tecno rolando a todo vapor. Tive a impressao de que todo mundo estava por la. O capitao do navio tinha acabado de sair e a diretora do cruzeiro tava na meiuca, numa tentativa costa0-riquenha de sambar.
Quando, por razoes de seguranca e bom-senso, resolveram desligar o som e acabar com a festa, ninguem foi embora. Todas as nacionalidades, devidamente alcoolizadas, ficaram para ver a roda dos brazucas pulando e cantando o hino nacional. Um momento e tanto.
Alguns tentaram acompanhar a cancao seguinte, a classica: " sou brasileiro com muito orgulho e com muito amor", ainda que nao entendessem uma palavra de portugues. O salao todo decorado em verde e amarelo, com bandeiras, fitas, baloes, tudo feito do bolso dos 35 bravos conterraneos, com direito a caipiroska (nao existe cachaca no navio) e - e claro - todo mundo vestido com as cores patrias.
De certa forma, este post tem um tom de desagravo. Ainda que a patria seja esse Freddy Krueger corrupto travestido de Carmem Miranda, ha uma alegria e um orgulho na forca e na presenca de espirito do Brasil que nos faz unicos, distintos e indivisiveis. Com muito orgulho e muito amor.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Diário de Bordo. A Vida no U do Mundo.

É difícil explicar para quem não é do ramo como é viver nesta cidadela sobre as águas de onde escrevo. Voyager of the Seas é um dos maiores navios do mundo. São 14 andares, mais de 300 metros de comprimento, cerca de 5 mil pessoas a bordo. Leva mais ou menos um mês pra se acostumar a transitar pelas dependências sem se perder. Mas, para fins pedagógicos, pode-se dizer que o Voyager é uma imensa letra U, pelo menos do ponto de vista dos funcionários.
Como quase tudo que é de interesse dos guests fica no meio do navio, o backstage fica, normalmente, nas extremas popa e proa do navio. Minha cabine, por exemplo, fica na proa. E todos os restaurantes, sejam de funcionários ou não, ficam na popa. Isso significa que toda e qualquer refeição é precedida e seguida de uma caminhada de 300 metros, além de um lance de escadas de cinco andares. Ao final da primeira semana, você começa a se questionar quem tem prioridade, se suas pernas ou seu estômago. É preciso lembrar que as áreas para funcionários fumantes também ficam nas cercanias dos bares e refeitórios. Ou seja, seu cigarrinho também fica a mais ou menos 700 metros de distância. Haja pulmão, veja que ironia.
Não me lembro se já expliquei isso, mas existem basicamente 3 castas entre os funcionários no navio: os oficiais – das mais variadas “patentes” e naturezas –, o staff, do qual eu faço parte, juntamente com todo mundo que faz parte das atividades sociais e de diversão dos guests, e o crew, que é formado basicamente por todo mundo que é da área de serviços, bares e restaurantes. Então a maior parte das coisas destinadas para staff e oficiais é de boa qualidade. A comida, por exemplo, não posso reclamar. Temos variedade, quantidade e qualidade. Do café da manhã à sobremesa, chegando ao estranho cafezinho. Mas aí já é uma diferença cultural mesmo.
Infelizmente, não se pode dizer o mesmo do refeitório do crew. Como a maior parte dos crew members é de indianos e filipinos (inclusive os cozinheiros do refeitório), tudo que é servido por lá tem cara de comida indiana servida num trailer de praça em Xerém. Assim que vi a situação dos meus camaradas do bar, meu lado CUT acordou do sono de décadas. Sugeri que se organizassem, formassem um grupo de representantes, exigissem mudanças na qualidade da comida servida. A maioria responde dizendo que, quando vc trabalha 12, 14 horas por dia, não sobra muito ânimo para atividade sindical. E a comida? “Você se acostuma. Ou emagrece.”

Diário de Bordo. Mudança de Rota.

Diz-se, no navio, que quem trabalha no mar é porque está fugindo de algo em terra. Seja da fome, de desilusões amorosas, seja da mesmice de uma vida sem perspectivas. Eu nunca havia pensado em mim mesmo desta forma. Para mim, trabalhar em cruzeiro era apenas uma oportunidade de conhecer o mundo e ter um salário em dólar. Não pouca coisa para um ator/comediante/musico/professor que estava fadado a uma vida no cheque especial graças aos problemas destas carreiras no Brasil. Mas, no sábado, eu descobri do que eu estava fugindo.
Tivemos uma reunião do RH com todos os brasileiros a bordo do Voyager. Ao todo, umas trinta cabeças. Claro, a reunião acabou em festa. Mas não começou assim. O motivo da reunião era estabelecer quem iria ser transferido para outro navio, o Vision of the Seas. Este é o navio que faz temporada brasileira. Devido a legislação em vigor, cerca de 30% da tripulação de qualquer embarcação que explore a costa brasileira tem que ser formada por brasileiros. Até aí, nada demais. Acontece que, desde janeiro, todo brasileiro que trabalha embarcado é obrigado por lei a fazer um curso chamado STCW, onde aprende-se sobre sobrevivência no mar e normas de segurança. Como fazer massagem cardíaca, soltar um bote salva-vidas ou apagar incêndios. Esse curso é oferecido abordo em qualquer navio da Royal. O problema é que a marinha brasileira não aceita mais o curso dado dentro do navio. Agora, apenas as “escolas autorizadas” pelo governo brasileiro estão aptas a oferecer essa certificação. Detalhe, o curso custa 690 reais. Para qualquer brasileiro, fica clara a razão da preferência pelo certificado obtido em terra, não?
De qualquer forma, isso cria um problemão para a Royal. Já é difícil lotar um navio de gente disposta a trabalhar na temporada brasileira. Porque? Bem, imagine que a maior parte dos funcionários brasileiros é de garçons, barmen e similares. Gente que trabalha comissionada. E o passageiro brasileiro, por sua vez, além de não dar gorjeta, tem fama de sovina. Contam coisas como famílias de cinco pessoas dividindo uma coca-cola em lata. E gente pedindo gelo, que é de graça na maioria dos navios, pra esperar derreter e beber a água. Em outras palavras, temporada brasileira é o terror de qualquer crew member.
Assim sendo, perguntar quem quer fazer temporada brasileira é meio sem sentido. Pouquíssima gente quer. Então, a Royal simplesmente indica. E eu estava na lista.
E é assim que isso vai funcionar: no dia 3 de novembro eu vou ganhar um mês de férias. Em dezembro, eu embarco no Vision, no porto de Santos, para um novo contrato, até o fim de maio. Até o carnaval, fico zanzando portos desinteressantes do Brasil, a não ser pelo reveillon em Copacabana, beeeem longe da farofa na areia. Mas beeeem no caminho das oferendas para Iemanjá.
Depois, vamos para Egito, Grécia e outras paragens. Mas vou amargar 3 meses de forró, axé, samba e funk. Mas vou poder voltar a fazer Stand Up em português. Espanhóis nem sabem o que é Stand Up e eu só poderia fazer opening act em inglês quando chegássemos aos EUA. Entre mortos e feridos, salvam-se alguns.
O fato é que a opinião geral dos oficiais da Royal sobre o Brasil não é das melhores. Fala-se que nosso país é simplesmente o pior do mundo para a companhia. A corrupção é assustadora. Não se consegue entrar em porto algum sem dar um whisky para o funcionário público encarregado de vistoria. E essas exigências de certificação são únicas no mundo. Nenhum outro país coloca tantos obstáculos para o trabalho dos seus próprios cidadãos.
E, graças à corrupção e à politicagem brasileira, não será dessa vez que conhecerei o Caribe, México, Texas e tantos outros lugares. Daí eu descobri do que fugia. Deste sentimento de impotência diante dos círculos viciosos da minha pátria. Eu vim para cá buscando a chance de uma carreira sem apadrinhamentos, sem “jeitinhos”, onde o bom trabalho e o profissionalismo fossem a derradeira fonte de recompensa. Mas não é tão fácil fugir do Brasil. Como um vilão de filmes de terror, ele sempre volta para puxar seu pé quando você acha que está a salvo. Brasil é um Freddy Krueger vestido de baiana.
Claro que, da tal reunião, saiu a idéia de uma festa para comemorar o Sete de Setembro.
Vai ter quadrilha, capoeira, lambada, samba e funk. O RH até liberou umas garrafas de vodka para a Caipiroska. Felizmente não vou poder participar, pq no horário estou trabalhando no Vault. Ótimo. Queriam que eu fosse o padre na quadrilha. Dessa eu escapei. Rodrigo 1 x Freddy Krueger Miranda 1.