sábado, 20 de fevereiro de 2010

Diario de bordo. Charters - Parte II

Nosso segundo charter foi o Energia na Ve'ia, uma evento promovido pela Energia Fm, uma radio de Santos. Trata-se de um evento bem estranho. E' uma especie de rave de flashbacks. Os organizadores trazem uma quantidade enorme de equipamento a bordo, montam palcos gigantes na piscina e trazem seus proprios Djs, varios deles, cada um um nome de trabalho mais interessante. DJ Wagnão, por exemplo. Não sei quanto a vocês, mas pra mim, Wagnão nao é nome de DJ. É nome de quem dirige Opala 76. Mas olha só o DJ Rodrigo Amém falando, né?
O clima da festa lembra uma festa ploc, ou talvez uma daquelas festas chamadas Bailinho, no Rio de Janeiro. (para quem não é do Rio, eu explico. Bailinho é uma festa hype carioca, onde vc vai ver atores fingindo que são Djs para um público que paga uma fortuna só pra estar na mesma festa em que celebridades entram de graça). O povo não é muito jovem. Já estão naquela idade em que é legal ter saudade do MC Hammer. Então é uma balada onde o DJ manda um Kiss, do Prince, e a galera vai à loucura. Cada um com seu cada qual.

A vantagem do Energia na Véia é que, como eles trazem os Wagnões da vida, eu não preciso trabalhar. Depois de tocar todos os dias desde agosto, sem folga, esse break foi uma benção.
Eu pude ir ao back deck pela primeira vez no meu contrato. Em tempo: back deck é o bar destinado exclusivamente para a tripulação do navio, já que muitos funcionários não podem frequentar as áreas de hóspedes. A maioria, na verdade.
E foi lá que eu me dei conta de uma coisa trágica. O meu não-pertencimento à tripulação.
Meus horários de trabalho não me permitem interagir com meus colegas de trabalho.
Todos no back deck já estavam devidamente entrosados, nos mais variados níveis. Todos já tinham vínculos que os ajudavam a atravessar as dificuldades de nossa bizarra jornada de trabalho. Eles eram uma tribo da qual eu não fazia parte.
Claro, todo mundo abordo sabe quem é o DJ, assim como quem é o Comandante do navio. Mas ninguém me conhece. Poucos amigos, ninguém com quem conversar, nenhuma afinidade com ninguém. Descobri que sou o único tripulante navegando sozinho ao som do DJ Wagnão e seu Opala 76.

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