quinta-feira, 11 de março de 2010

Diário de Bordo. É Carnaval em Salvador.

Uma expressão conhecida entre os hóspedes acostumados com a rotina de navio é o famoso "carnavio", que é, obviamente, um cruzeiro feito durante o carnaval. Fora deste contexto, usamos a expressão para qualquer itinerário em que haja muitos jovens, muita gente festeira, muita bebedeira e pegação dentro de um navio de cruzeiros. Charters - aqueles que falamos anteriormente - são considerados carnavios. E cruzeiros de fim de semana que custam 400 reais e podem ser pagos em 10 vezes no cartão, tipo Casas Bahia, também costumam ser carnavios.
Daí, era de se esperar que o cruzeiro de carnaval fizesse jus ao nome. Bem, fez e não fez.
Sem dúvida, muitos jovens, sem dúvida, muita festa. Boate aberta até as sete, oito da manhã (ontem, por exemplo, fechei as três.) enfim. Tudo como manda o figurino, mas com uma relativa paz e tranquilidade que davam gosto. Foi tudo muito agradável. Até chegarmos em Salvador para o nosso overnight.
Overnight é quando um navio "dorme" no porto, possibilitando aos hóspedes a visitação das cidades durante a noite. Nada melhor para uma terça de carnaval. A tripulação do navio estava em polvorosa com a idéia do overnight. Muitos compraram camarotes a 400 reais a cabeça para poder ver o trio elétrico passar. Eu fiquei no navio. Afinal, a boate tinha que ficar aberta.
Não gosto de me depreciar muito. Mas pense comigo. Entre pular atrás do bloco do Chiclete com Banana e da Ivete Sangalo e ficar na Viking Crown ao som do DJ Rodrigo Amém, o que você teria feito? Pois não é que um grupinho de umas 50 pessoas preferiu ficar na boate?
Porque essas pessoas resolveram fazer cruzeiro de carnaval em Salvador está além da minha compreensão.
Mas outras coisas que eu não compreendia foram-me elucidadas. Uma hóspede, expert em folia soteropolitana, explicava para as amigas a melhor estratégia para pular atrás do trio.
Segundo ela, o segredo é usar bermuda de cores escuras e carregar sempre uma garrafinha de água mineral. Porque, no meio do trio, a garota vai sentir vontade de fazer xixi. Aí o esquema é fazer na calça e se lavar com a água mineral. Juro por Deus que ela mandou essa como se fosse o segredo para cultivar azeitona sem caroço.
Posso ser um cara meio reacionário, mas dificilmente me convenceriam a pagar 400 reais por uma camiseta feia e biodegradável que me dá direito a passar calor espremido no meio de uma multidão suada que urina nas calças, lava com agua mineral quente e depois tenta me beijar na boca.
Haja rebolation.

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