quinta-feira, 20 de maio de 2010

Diario de Bordo. IamSTERDAM.

Amsterdam era um dos portos que eu tinha mais vontade de conhecer. Desembarquei e aluguei uma bicicleta, sem duvida o melhor meio de transporte para explorar a cidade. Custa uns 15 euros, mas vc tem que deixar um deposito de 70 para garantir a devolucao, ou seu passaporte. Logico, o passaporte ficou na lojinha.
A cidade tem aquela fofice que voce espera das antigas edificacoes europeias, entremeada por quatro ou cinco canais que as populacao usa como se fossem trilhos de trem. Ou seja, tem gente que vai pro trabalho de barco, mas a grande maioria vai de bicicleta. E e' muita bicicleta. Chega a ser dificil estacionar. Tive que andar algumas quadras pra achar um poste disponivel pra minha correntinha.
Tem tres coisas que eu vi aos montes em Amsterdam. Bicicletas, folhas de maconha e pintos. Bicicletas estava por todo lado, folhas de maconha eram o tema de 4 em cada cinco camisetas e caralhos por todo lado.
A questao e' que Amsterdam e' mundialmente famosa por ser liberal. Com a liberacao da prostituicao e das drogas, o comercio da cidade dividiu-se basicamente entre lojas de souvenir (camisetas com estampas de maconha), sex shop (vibradores dos mais variados tamanhos expostos com toda tranquilidade nas vitrines) e cafeterias (onde ninguem toma cafe e todo mundo fuma maconha).
E e' a tranquilidade com que os moradores encaram a coisa toda que fazem minha formacao opressora catolica gelar. No distrito da luz vermelha, onde as prostitutas ficam se exibindo na vitrine como se fossem manequins da C&A, as familias passeiam com suas criancinhas, que dao tchau pras prostitutas de top less nas vitrines, que mandam beijinhos de volta, e todo mundo muito tranquilo. Eu nao estava muito, no entanto. Era uma manha de segunda-feira. Mesmo para os padroes europeus, era dificil manter a qualidade da mercadoria exposta nas vitrines. Que medo.
Minha primeira parada foi o Museu de Anne Frank, que era um lugar especial pra mim. Eu tinha uma historia pessoal com o livro, fiz parte de uma montagem teatral sobre o assunto. Enfim, eu tinha expectativas. Mas, assim que vc chega no local, o choque. A casa de Anne Frank virou uma especie de Livraria da Travessa. Com direito a cafeteria no segundo andar (!!!!!).
Por determinacao do pai de Anne, o meu caro sr. Otto Frank, os comodos da casa permaneceram sem mobilia. Entao, vc acaba fazendo um passeio por quartos vazios pintados de preto com fotos nas paredes. Tipo uma exposicao do Sebastiao Salgado. O unico utensilio que permaneceu foi a privada de Anne Frank, toda de porcelana decoradinha de motivos florais. Muito emocionante.
Bom, meus amigos sabem que eu sou contra as drogas. Bem, nao contra as drogas, exatamente. Contra o financiamento do crime organizado. Pode soar radical, mas acho que, no Brasil, quem fuma maconha nao pode reclamar de bala perdida. Mas estamos numa outra realidade, numa sociedade onde a tolerancia e a civilidade convivem com as taras secretas do ser humano em bons termos. Entao, fui a cafeteria.
Escolhi uma pela qualidade que me e' favorita: o senso de humor. Na vitrine do cafe, uma mensagem espirituosa: "Minors no entrance and no fucking around". Acima do balcao, outro aviso singelo: "In God we trust. All the others pay cash." Se a maconha aqui for acida como o humor, vou precisar voltar de maca pro navio.
Alias, e' preciso explicar que a Royal Caribbean e' uma companhia americana que pode, por contrato, te obrigar a mijar num copinho se acharem que vc esta "under the influence". E um resultado positivo pode te mandar rapidinho pra casa. Assim, preferi nao voltar pro navio fedendo maconha. Minha opcao foi, portanto, Space Cake. Um muffin de chocolate que levava a mardita na receita, por seis euros. Gostosinho o bolo, nenhum efeito imediato. Meu conhecimento medico adquirido atraves de varios episodios de House ja haviam me preparado para essa possibilidade. Teria que esperar digerir o quitute para sentir os efeitos. Assim, peguei minha bike e sai por ai. Quando as pernas comecaram a reclamar, retornei ao navio, voltei pra cabine e liguei a TV. E "booom", o Space Cake agiu, me deixando idiota pelo resto da noite.
Apesar do navio estar ainda parado no porto, a sensacao que eu sentia era de que tudo se movia.
"Otimo", pensei. "Paguei seis euros para me sentir, de dia, como eu ja me sinto toda noite!"


2 comentários:

  1. Legal! =D
    Vc não tinha voltado?
    Ahhh, se der dá uma passadinha no caracoleskiwi.blogspot.com
    Estou ampliando horizontes e gostaria de contar com a tua opinião sobre o meu trabalho.
    Talvez vc ache meio mulherzinha, mas sempre vale a pena conferir!!!
    Beijocas e mande notícias.

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  2. e ai fera????? blzzz
    bem loco seu blog.. gostei.. eu vi q vc é "dj marintimo" eu estou indo fazer um teste p dj tb.. pois sou faz 10 anos.. me add no msn: diegomarteens@hotmail.com
    orkut: http://www.orkut.com.br/Main#Profile?uid=13443639706001985822

    ABS

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