sexta-feira, 16 de abril de 2010

Diário de bordo. De volta `a Ilha da Madeira.

Pois muito bem. Estamos ca’ na il’da Mada’ira, como diriam os comediantes do Zorra Total que imitam portugueses. A primeira vez em que estive por aqui, não pude aproveitar muito. Era novembro e chovia pacas. Embalado pela primavera européia, a ilhota portuguesa (sem duplo sentido) pareceu acolhedora e charmosa.
De fato, a primavera na Europa tem seu glamour. Pode-se diferenciar claramente turistas de moradores, por exemplo. Os turistas são os mal-vestidos. Por todo lado que se olhe, vemos o homens de cachecol, o que me parece sofisticado e um tanto gay, assim como esse comentário. E mulheres de bota, ah, as mulheres de bota. A gente ate esquece o chule que as beldades devem ter.
A Ilha da Madeira tem um programa clássico de turista. O teleférico que leva ao alto da cidade, seguido pela decida de cesto. Vamos por partes. Muito crew brasileiro sugere que você suba de taxi ao invés de pegar o teleférico, por ser mais barato. Bem, muito crew brasileiro possui aquela clássica pobreza de espírito que nem Mega Sena acumulada resolve. Pegue o teleférico. A viagem e’ linda e vale os 10 euros. E, ao chegar ao topo da ilha, você tem que fazer a descida do cesto. São 37 euros para três pessoas, dentro de um trenó que e’, basicamente, um cesto de vime empurrado no asfalto por dois portugueses de chapéu. Juro. Afinal, quando você pensa em eficiência no transporte publico, você pensa em um trenó de vime empurrado ladeira abaixo com dois portugueses freiando o veiculo com a sola do sapato. Depois os patrícios reclamam.
O passeio dura 2km e e’ no meio da rua, entre os carros, passando por cruzamentos. Show. O problema e’ que o passeio para antes de você estar de volta ao nível do mar. Na verdade, para bem no meio do caminho. Ai temos que pagar outros 15 euros para o taxista completar o percurso ou camelar um pouco. Como eu sou sempre a favor da interação com os nativos, optei pelo taxi. Foi bom porque pude praticar meu português.
Em seu dialeto indecifrável, o motorista me contou que Madeira havia sofrido com as chuvas. Deslizamentos, enchentes. Cenário semelhante ao do Rio, guardadas as devidas proporções. Ele me proporcionou um city tour do horror pelos escombros das casas derrubadas. “Ca morreram 4 pessoas esmagadas”, “acolá morreram doze afogadas”. Todos os lugares estavam em obras. “Tal ca’ como la’ no Rio de Janeiro vivemos de turismo, pois”, dizia o bigodudo. Sim, ele tinha bigode. “A gente sabe que turista não quer ver escombros. Por isso estamos arrumando tudo depressinha”, concluiu. Coitado. Vou contar uma piada de brasileiro pra ele.

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